Até que ponto é possível viver sem vida e expectativas próprias?
Quando tive certeza de estar grávida a felicidade e a grandeza tomaram conta do meu coração. Num instante já tinha planejado todo o futuro daquela vidinha que estava chegando. Com certeza ele iria estudar muito e formar-se um veterinário.
Enquanto a criança tentava fazer coisas simples como fazer xixi no banheiro e comer sozinho, eu já conseguia visualizar o dia da sua formatura. Eu brincava com ele dizendo que era o Dr. de bichinhos mais fofo do mundo...!! O sonho parecia tão concreto que eu praticamente podia tocá-lo..
Na fase da adolescência meu filho tentava sair da quinta série, descobriu o sexo, os amigos, as garotas e a maconha.
Quando vi que entre meus sonhos e meu filho estavam às drogas morri por dentro. Era como se a vida perdesse o sentido.
Achei que por ser mãe poderia reverter a situação. Em nome dos sonhos que sonhei para sua vida caminhei sobre seus passos tortos, paguei dividas de trafico e coloquei toda minha família exposta a riscos e perigos. Por amor fomentei o ódio e a raiva.
Mas onde estão os meus sonhos? Onde estão os sonhos que realmente dependem de mim para realizá-los?
Passei tanto tempo vivendo uma vida que não era minha que não sei como sobreviver sozinha. Não sei como administrar minhas esperanças e pretensões.
Estou aprendendo a viver um dia de cada vez e a dar a oportunidade para que meu filho também aprenda a sonhar seus próprios sonhos.
Sandrinha
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